Sentença

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Vistos.

Em votação encerrada esta manhã, os jurados Anderson, Bauer, Carlos Floripa, Caves, Fernando Rozas, Goiana e Itiro, em respostas aos quesitos formulados, decidiram o seguinte:

1 - por 4 votos a 3, consideraram que o réu foi ídolo no SPFC. Por 6 votos a 1, consideraram que o réu não justificou esta condição.

2 - por 5 votos a 2, consideraram que o réu teve um desempenho razoável pela seleção brasileira. 

3 - por 6 votos a 1, consideraram que o réu não teve nenhum desempenho relevante fora do SPFC e da seleção brasileira.

4 - por unanimidade, não teriam contratado o jogador com os valores gastos pelos dirigentes do Betis.

5 - por 6 votos a 1, não trariam o réu como reforço para 2007.

6 - por unanimidade, não iriam assistir a uma partida de futebol só para ver o réu em campo.

7 - por unanimidade, não iriam ao circo só para ver o réu no picadeiro.

Com base nesta votação, o julgador passa a decidir.

A análise dos votos demonstra que a trajetória do réu pelo SPFC foi absolutamente desproporcional à condição de ídolo que teve. Os jurados entenderam que o réu jamais fez jus a tal status. Mais que isso: não o teriam contratado pelo dinheiro que o Betis gastou. Por fim, não o querem de volta, como reforço. Até porque reconhecem que o réu não teve nenhum bom desempenho pelos clubes em que passou na Europa. As respostas foram coerentes entre si.

Com base em tais dados, o réu não teria escapatória jurídica para se eximir da máxima condenação. Mas conseguiu uma imperiosa causa de diminuição da pena, com a votação que entendeu razoável sua performance pela seleção brasileira.

Com efeito, ter uma participação razoável pela seleção nacional, em campanhas que incluíram títulos importantes, tendo sido titular em algumas, é dado suficiente para que o réu não seja apenado com o estigma de enganador. O motivo é simples: tal conceito exige mediocridade absoluta. O "verdadeiro enganador" é aquele que jamais produz, e sim induz ao equívoco sobre seu futebol. 

Uma vez que, pelo conceito de "razoável", tem-se que o réu produziu algo de útil pela seleção mais vencdedora do planeta, o réu não está configurado como enganador, e sim na categoria que este julgador considera imediatamente anterior: desperdício.

Assim, o réu se une a jogadores que poderiam ter sido muito mais do que foram, mas seus feitos serão sempre encobertos pelo que deixaram de fazer. No final, o fato de ser rejeitado até como artista de circo diz mais que qualquer fundamentação.

Desta forma, julga-se PROCEDENTE EM PARTE a Ação, condenando-se o réu Denílson de Oliveira Araújo como DESPERDÍCIO FUTEBOLÍSTICO. Como pena, deverá ser confinado numa sala assistindo aos vídeos de seus dribles, até se entediar e constatar o quanto perdeu tempo só dando valor a um dos fundamentos do jogo.

Publique-se e registre-se. Sai o réu devidamente intimado.

Fórum O Mais Querido, 22 de setembro de 2006

GUSTAVO S R FERNANDES

Desta forma, encerra-se a primeira coluna Ordem no Tribunal. Agradeço aos Srs. Jurados, ao Dr. Promotor e ao Dr. Defensor pelo empenho demonstrado. Aguarde-se a próxima Sessão, em outubro.

Saudações e obrigado a todos!