Patrulha Canguru - agora no Morumbi!

Todo grande clube tem uma danação pra chamar de sua. O SPFC (antecessor do CRBJL) tem várias. Mas o departamento sobrenatural da Patrulha encontrou a "real causa" de quase vinte e dois anos sem vencer o Corinthians em decisões. O confronto de 2000, também no Paulistão, foi o último da carreira de Raí. Ele se aposentou pouco tempo depois. Esperou mais de um ano por um jogo de despedida que nunca houve. Seu bota-fora aconteceu em Paris, pelo PSG. No Morumbi, nem um solteiros x casados. Desde então, o São Paulo nunca mais eliminou ou venceu uma final no clássico preferido do ídolo sem adeus. 

Não custa lembrar que a maldição do bambino (Boston Red Sox) durou quase cem anos e a do Bela Gutmann (Benfica) vai completar sua sexta década. Por enquanto, no Morumbi é só o século todo (até aqui). Como sair dessa? Concentrando muito e acreditando firmemente na Lei de Murphy. E nem pensem em trazer Raí como dirigente outra vez. Compensação o cacete! Ele estava lá em 2018 e 2019. Aí não foi maldição. Foi incompetência vingativa.

No domingo, a Torcida Tricolor Independente completou cinquenta anos e recebeu votos de parabéns pelas cinco décadas de "amor" ao São Paulo. Realmente, esta Patrulha até perdeu a conta de quantas demonstrações "amorosas" foram dadas. Tipo:

- deixar de cantar o nome de um jogador, antes dos jogos, por este supostamente ser homossexual;

- guerra campal mais violenta do futebol paulista, em 1995, após uma decisão de um campeonato sub-20; 

- invadir CT pra papos muito amigáveis com jogadores;

- atentado a membros de escola de samba de torcida organizada do Palmeiras (a mesma da batalha campal), em 2003 - inclusive resultando na prisão e na condenação criminal de seu então presidente; 

- tropa de choque de candidato a presidente do clube responsável por golpe estatutário;

- ofensas e ameaças a torcedores de outros setores do estádio, incluindo quem realizou tentativas de formar torcidas organizadas concorrentes;

- perseguição descarada ao melhor jogador revelado pela base e futuro vencedor (último brasileiro) do prêmio The Best;

- exaltação de jogadores que bajulavam a própria organizada, no lugar de jogar bola;

- coros que exaltam a própria organizada, no lugar do "clube amado";

- intimidação, assumida pelo próprio presidente do clube, com a finalidade de recebimento de verbas para o carnaval;

- protesto amarelão de 2004, quando finalmente os demais torcedores se enfureceram e xingaram a organizada que ofendia os jogadores enquanto estes tentavam empatar um clássico com o Palmeiras;

- incidente de Mogi das Cruzes, em que o São Paulo foi solidariamente condenado a cobrir os prejuízos causados.

Como diria o poeta Luiz Caldas, haja amor...

Quando Juca Pacheco deixou o CRBJL, confesso que tive ambiciosos 2 % de esperança de que as coberturas jornalísticas do clube seriam diferentes. Realmente foram, mas só na quantidade de glicose. O grau de otimismo conseguiu ser enjoativo mesmo pras Polianas de longa data. Meu primo Belmiro deixou escapulir um "conta outra!" - pra depois soltar seus urros eufóricos com a volta por cima de Nikão. Até as raras críticas vêm com docinho. Tipo "impecável em casa, tricolor ainda sofre para repetir desempenho como visitante". Mas convém não exagerar, confeitaria do Casares. Desse jeito os trouxas vão ficar diabéticos.

Sim, a Patrulha voltou de férias, mas o post é sobre um clássico da boemia decadente tricolor. Por trás das tentativas de empurrar a reeleição de volta ao estatuto, está o argumento que a claque neopachequista usará: Júlio Casares ainda seria a melhor opção. Sim, o "mal necessário" ataca novamente! 

A nova narrativa da esperança recai sobre o presidente que tirou o São Paulo da fila que sua trupe começou. E que, pra isso, fez o time correr do rebaixamento pela quarta vez em menos de dez anos. Há quinze anos, ganhou holofotes com um contrato promissor que, na prática, não passou de dois ou três bonecos Looney Tunes. Virou símbolo de um marketing deslumbrado e sem lucro. Fora da diretoria, assumiu o papel de cão de guarda de rede social. Depois apoiou Leco e o sucedeu dizendo ser oposição. Divide a gestão de futebol dando uma ou duas tarefas a um gestor pago e todo o resto ao abnegado "que manja" - querendo que receba alguma coisa pelos préstimos amadores.  

É um mal? Sem dúvida. Necessário? Depende do grau de masoquismo que seu chapa-branca favorito vai explorar. Não faltará quem compre mais essa. O são-paulino é o trouxa voluntário mais convicto do futebol brasileiro. "Quero boas notícias! Venham me enganar!". E eles sempre vêm...